quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Não há mal que lhe não venha!

Não me dei ao trabalho de espreitar nas demais televisões se nelas se repetia o comprometedor plano de câmara da RTP em que se via Passos Coelho a discursar para uma sala vazia num comício a propósito da sua recandidatura a líder do PSD, mas ele próprio deve ter-se-sentido incomodado com uma situação em que as pretéritas multidões de jotinhas a gritarem o seu nome e a agitarem bandeiras já são coisas do passado.
Quem organizou aquele comício bem terá mandado os curiosos concentrarem-se nas quatro filas da frente da plateia para darem uma ideia de maior resposta ao chamamento do líder, mas o resultado permanecia confrangedor apesar de, piedosamente, o operador de câmara fechar rapidamente o plano das filas traseiras.
Essa cena pôs-me a pensar no que sentirá Passos Coelho quando, todas as manhãs, se põe a compor o nó da gravata em frente ao espelho. Ainda sentirá confiança bastante para acreditar na possibilidade da mesma água do rio voltar a passar por debaixo da mesma ponte?
É verdade que conta com indefetíveis, que parecem mais confiantes do que ele próprio - não é que Luís Montenegro apareceu ontem a mostrar quanto lhe é difícil engolir o ressaibo ao prometer duro arrependimento aos portugueses por terem dado uma coça no Governo que, segundo ele e sem medo de ver-lhe o nariz crescer!), “protegia os rendimentos mais baixos e onerava os mais altos”?
Mas, por quanto tempo conseguirá Passos Coelho manter coeso o seu ridículo exército de apoiantes, que lembram o cavaleiro Negro dos Monty Python que pretendia impedir a passagem dos cavaleiros na Busca do Graal e sempre desafiador apesar de ir ficando sucessivamente sem cada um dos braços, e cortado a meio do tronco?
Uma a uma as mentiras da direita vão-se confrontando com a realidade da governação bem sucedida de António Costa e dos seus ministros. A exemplo dessa personagem ridícula arriscam mesmo objetar decisões tão óbvias como as da TAP ou do Banif, mesmo arriscando-se a perder as penas ao arriscarem-se a tanto quererem voar.
Os resultados aí estão à vista: os programas europeus de financiamento da economia portuguesa a serem aprovados com uma rapidez desconhecida nos últimos dois anos, as taxas de juro a descerem sem comentários dos que tanto as diabolizavam na semana passada e a dívida a vender-se nos mercados a juros próximos do zero.
De Perdigão, Camões diria aquilo que parece confirmar-se em Passos Coelho: não há mal que lhe não venha!

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