terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Fingimentos bacocos

É claro que se o ridículo matasse os telejornais estariam agora a apresentar edições especiais com muita gente lacrimosa a carpir o desaparecimento do ex-primeiro-ministro de Portugal.
As imagens de Passos Coelho a «apadrinhar» um centro escolar a funcionar há três anos pareciam as cenas de uma ópera bufa em que os tenores desafinavam ao jeito do protagonista da comédia em causa, quando ainda presumia ter futuro garantido nas cantorias de La Féria. Hipocritamente desmentiam a inauguração, que tinham anunciado, e, mais adiante, numa fábrica, voltavam a tratar de «governante» o convidado.
O que tal iniciativa demonstra é o inconformismo de uma direita narcísica incapaz de compreender o quanto se descredibiliza em cada ocasião, tão só intente em devolver ao seu líder as dragonas, que o povo lhe retirou dos ombros ao votar-lhe a oposição como destino futuro.
Ficaria bem a Passos Coelho ganhar algum sentido autocrítico para evitar desconchavos desta dimensão, mas se ele mesmo ousaria dizer ao «Jornal de Notícias», que deixara o governo com o Banif a dar lucro, é porque a tontice está concentrada na sua exaurida carola. Muito apropriadamente o Irmão Lúcia compararia tal despautério com o alemão que dissesse: «quando me suicidei no bunker ainda deixei alemães vivos!».
Felizmente que a governação de António Costa deixa-nos predispostos a olhar para tudo isso com ironia, mas não há como pensar num Passos Coelho cuja passagem pelo poder foi uma tragédia e que, nesta falsa pose de ainda se julgar primeiro-ministro, tudo transforma numa farsa…

Sem comentários:

Enviar um comentário