sábado, 13 de fevereiro de 2016

A Vida poderia ter-se convertido num sonho

Amanhã já terão passado três semanas desde que Marcelo Rebelo de Sousa ficou definido como próximo presidente da República e o sentimento continua a ser o mesmo, sintetizável numa bela frase de Jorge Luís Borges: “Há sempre algo de grandioso na derrota que não pertence à vitória.”
A grandeza esteve, de facto, com os que, mesmo sabendo quão difícil seria vencer alguém que andara dez anos a fazer campanha eleitoral televisiva aos domingos, não pouparam esforços para conseguir a vitória do único candidato com uma visão estimulante de futuro. O Tempo Novo, de que Sampaio da Nóvoa se fez porta-voz, é aquele que há tanto tempo desejávamos e nunca se fizera possível devido à incapacidade das esquerdas em convergirem num mínimo denominador comum. E ele era tão ansiado, que foram muitos os que na campanha das legislativas contactavam Jerónimo de Sousa e Catarina Martins para lhes exigirem esse tipo de solução. E, no entretanto, António Costa ia-o anunciando ao afirmar encerrado o tempo em que existiria um tal «arco da governação».
Foi esse o fundamento da grandeza, que não surgiu no momento da derrota: esse sentimento já vinha de antes, quando víamos congregar-se à nossa volta tanta gente disposta a colaborar e, a exemplo do que dizia o professor, a não querer nada para si, mas disposta a dar o seu melhor para tornar possível um futuro mais condizente com os seus sonhos. 
Tínhamos ainda bem presente um dos piores legados do governo de Passos Coelho e de Paulo Portas: quererem-nos obrigar a acreditar à força, que não existiria política alternativa à que eles nos impunham. Como se tivéssemos atravessado o portal para o Inferno de Dante e lido a inscrição afixada na ombreira: “Oh vós que entrais, abandonai toda a Esperança!”.
Foram quatro anos de apagada e vil tristeza, em que muitos sentiram na pele a angústia dos versos de Rosalia de Castro, quando se queixava de todos, todos se irem embora.
Perdida a grande maioria dos jovens, estaríamos condenados a envelhecer num país impróprio para velhos, com a condenação ao empobrecimento como garantida?
Se a formação do governo de António Costa nos devolveu o direito a acreditar, a confiar na exequibilidade de um outro mundo, a candidatura de Sampaio da Nóvoa prometia-nos o enaltecer das melhores energias e talentos para as potenciar num país virado para o Crescimento e o Conhecimento.
Durante semanas sucessivas as sondagens davam-nos conta de estarmos envolvidos em algo de quixotesco, porque se os moinhos de vento estavam ao nosso alcance, os verdadeiros inimigos recatavam-se muito longe para escaparem ao debate, ao confronto de ideias e de projetos. E, no entanto, não se virava a cara, antes se sentia a urgência de distribuir mais flyers, colar mais cartazes ou distribuir mais mupis pelas rotundas de todo o concelho.
Na contagem final dos votos sentimos quão perto estivemos de passar à segunda volta. E, nesse instante, lembrámo-nos de Bob Marley, quando lembrava só ser derrotado aquele que desiste.
Foi por isso que decidimos prosseguir a luta por outras vias: acabaram os Núcleos SNAP? Pois abram-se as alas para a Associação Cívica Tempo Novo da Margem Sul. E continuemos imbuídos da mesma grandeza de aspirarmos a um mundo bem melhor…
Afinal o melhor que temos a fazer é apostarmos no dia de amanhã como sendo o primeiro do resto da nossa vida… com quase tudo em aberto para nele inscrever as coisas mais belas que um homem pode fazer na vida!

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