sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Uma grandessíssima banhada

Há muito me convenci em como, mais do que nas ações de rua ou nos cartazes e placards por ela espalhados, estas eleições presidenciais serão vencidas nas redes sociais e nos debates televisivos.
Por isso mesmo, não descurando nenhuma dessas vertentes da divulgação da carta de princípios da candidatura de Sampaio da Nóvoa, encarei como decisivos os seus debates, frente-a-frente, com Marcelo Rebelo de Sousa e com Maria de Belém.
Preparei-me para combater a inevitável parcialidade com que os veria dado o meu precoce entusiasmo com a candidatura do ex-reitor da Universidade de Lisboa, mas hoje, quando tive a oportunidade de assistir ao que tinha Marcelo como interlocutor, vi-me obrigado a ligar a vários amigos para perguntar-lhes se era só minha impressão ou o ex-comentador da TVI estava a levar uma grandessíssima banhada. E foi unânime o veredito: as minhas lentes estavam devidamente calibradas, como se constatava no desaparecimento do sorriso inicial de Marcelo progressivamente convertido na expressão assustada de quem vê confirmado o maior dos seus receios, o de não conseguir chegar à praia com ela já tão perto. Não me admiraria que, esta noite, ele nem sequer conseguisse dormir as poucas horas de que se reivindica, tão assombradas possam vir a ser pelo remake do seu falhado confronto com outro Sampaio para a Câmara Municipal de Lisboa.
Para onde quer que se virasse Marcelo via-se encostado às cordas: Sampaio da Nóvoa não estivera em muitos dos sítios por ele frequentados nos últimos quarenta anos? Pois, ainda bem!, redarguia a Gabriela Canavilhas no twitter.
Nunca Sampaio da Nóvoa pertencera a um partido político? Pois, não é essa a confirmação da sua qualidade de independente, que é uma das maiores virtualidades da sua candidatura?
Seria Sampaio da Nóvoa faccioso, representando metade do país contra metade numa fratura, que só ele ainda vislumbra? Logo levou com o comprometimento de se ver apoiado por Passos Coelho e Paulo Portas, esses sim responsáveis por terem pretendido antagonizar jovens contra idosos, desempregados contra empregados nos últimos quatro anos.
A austeridade foi um tema, que definiu muito bem o que separa um e outro candidato: Marcelo nunca se conseguiu dissociar de ter sido apoiante de Passos Coelho e por ele ser apoiado, nem de, em momentos chave, até ter revelado acordo com aspetos inaceitáveis das políticas então implementadas. E, ainda mal se refizera desse titubear perante os sucessivos ataques de Nóvoa, já o candidato da direita era confrontado com as suas conhecidíssimas declarações sobre a suposta solidez do BES e do sistema bancário, quando ele já dava múltiplos e inquietantes sinais de se precipitar para o desastre.
Por essa altura Marcelo ostentava grande nervosismo, e  recebendo o conselho de se acalmar.
Tarefa difícil porque Sampaio da Nóvoa trazia outro forte argumento, que reservara para a estocada final: o interlocutor integrara um governo que, em 1982, pretendera acabar com o Serviço Nacional de Saúde, só não o conseguindo por desaprovação do Tribunal Constitucional.
Contundido, já Marcelo não sabia se, na época, quem apreciava a legislação era o referido Tribunal Constitucional ou o Conselho da Revolução.
É, pois, com grande confiança, que vejo iniciar-se a campanha propriamente dita neste fim-de-semana: se tenho encontrado grande recetividade às centenas de pessoas a quem tenho distribuído flyers de apoio a Sampaio da Nóvoa, estou convicto de, ainda uma maior aceitação nos que entregarei nos próximos dias. É que, afinal o passeio projetado por Marcelo, poderá converter-se numa corrida mano-a-mano em que ganhará o que melhor sprintar.
Ora, todos sabemos que Sampaio da Nóvoa foi, em tempos idos, um atleta de mérito. Quanto a Marcelo só lhe lembramos uns gorgolejos nas águas do Tejo...



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