segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

António Costa e a liderança do PS

Houve quem visse na intervenção de Ana Catarina Mendes a propósito do resultado das eleições presidenciais, um inquietante alheamento de António Costa relativamente ao Partido, sendo esse o caminho certo para o deixar resvalar para a irrelevância.
Pacheco Pereira foi um dos que alinhou nessa tese, quando tudo aponta para o contrário: foi, precisamente, para evitar essa subalternização do Partido em relação ao governo, que António Costa criou o cargo de secretário-geral adjunto com a missão óbvia de o manter motivado e ativo na sua intervenção.
E ninguém melhor do que Ana Catarina Mendes para desempenhar essa exigente tarefa: além da proximidade conhecida com o primeiro-ministro, de quem tem sido colaboradora imprescindível no último ano e meio, ela tem adquirido uma importância política cada vez maior ou não tivesse conseguido retirar aos seguristas uma das distritais por eles tidas como solidamente alinhadas consigo.
Ademais, numa altura em que a sociedade portuguesa tende a valorizar o papel da mulher na política - e não é por acaso que Marisa Matias conseguiu a votação de ontem ou que o CDS se prepare para entronizar Assunção Cristas - é fundamental que o PS apresente como seu líder atual a deputada de Setúbal.
A opção de António Costa em dar a Ana Catarina Mendes o merecido protagonismo, enquanto porta-voz da posição do Partido, reagindo depois aos resultados como primeiro-ministro, teve, igualmente, o condão de, muito inteligentemente, se colocar num patamar acima de Passos Coelho que, pouco antes, discursara ao nível do mesmo estatuto que a líder do PS.

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