domingo, 6 de dezembro de 2015

O tumulto que se lhes adivinha

De todos os artigos lidos neste fim-de-semana sobre a estratégia adotada pelos partidos de direita para se oporem ao novo Governo, o que mais me pareceu contundente foi o de Leonel Moura no «Jornal de Negócios». Porque o conhecido artista plástico coloca a questão numa perspetiva diferente da já formulada por outros comentadores, perguntando-se o que ela suscitará junto da sua “massa social de apoio”:
A birra isola os partidos de direita do debate político tornando-os, aos olhos dos seus parceiros de interesses, sobretudo empresários, irrelevantes. Fora da política, a coligação de direita servirá para fazer alguns títulos de jornal, mas não serve para a decisão, para os negócios, nem para as negociatas. E este é um ponto crítico. PSD e CDS são os partidos que maioritariamente representam o mundo dos negócios, os legítimos e também os obscuros. Muita coisa depende dos bons ofícios e cumplicidade dos seus deputados, dos que se encontram em lugares de poder e decisão. Um alheamento total da cena política é uma tragédia para muita gente. Perdem-se influências, oportunidades e oportunismos.”
Perante essa possibilidade bem real, existem duas hipóteses: ou rapidamente PSD e CDS mudam de discurso e voltam a envergar as vestes de manso carneiro sobre as de lobo mau, ou sujeitam-se a uma movimentada contestação interna, aquilo a que Leonel Moura chama “tumulto”:
O tumulto vai por isso dar-se, só não se sabe quando. Tumulto que não será de ideias, nem de estratégias, mas de pessoas. Numa direita inútil, que não passa da lengalenga, incapaz de proteger os interesses dos amigos, Passos e Portas depressa serão vistos como obstáculos a remover. Portas, porque é pouco relevante e domina um pequeno partido feito à sua medida, pode sobreviver algum tempo. Passos Coelho é mais problemático. Imagina que ainda vai ter uma segunda oportunidade. Mas, se a coisa se prolongar e a desgraça de Costa não chegar depressa, a sua teimosia e rancor não bastarão para enfrentar a oposição dos que não aceitam ver o PSD marginalizado.”
Dentro do interessantíssimo enquadramento político em que nos situamos, observar o que se passará nos partidos da direita à medida que o Governo de António Costa se for consolidando no favor popular será muito interessante de seguir,,,

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