quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O direito à morte assistida

Uma das características, que mais me irrita na direita é a vocação para querer impor aos outros - aos que não têm o seu código de valores - aquilo que pensam. Nesse sentido essa mesma direita - representada nos partidos que a compõem, mas também pela generalidade do clero nacional! - continua a ter nos genes  algo do comportamento inquisitorial, que lançou tanta gente nas fogueiras da praça de São Domingos, quando a grande maioria da população se tinha de submeter à vontade inquestionável de muito poucos.
Vem isto a propósito do lançamento de um movimento cívico apostado em possibilitar a morte assistida a quem dela precisa. Pessoalmente agradecerei muito a quem me liberte do sofrimento no dia em que me sentir demasiado condicionado na liberdade de movimentos pelas dores, que me venham a afetar ou pela iminente progressão da senilidade.
Gosto muito de viver, mas com a qualidade de poder usufruir do que gosto, porque detestaria ser mais um daqueles zombies que enchem os armazéns de velhos, que são os lares da Terceira Idade.
Que fique bem claro, para que não haja confusões: não se trata de promover a eugenia, mas tão-só a possibilidade de dar a quem considera adequado o momento para se despedir dos seus ainda com a noção de o estar a fazer com a emoção serena da despedida. Porque esqueçam-se os que apontam para a “qualidade dos cuidados paliativos”. Viver não é apenas ver reduzido o sofrimento, é sobretudo, ter ainda a capacidade para descobrir coisas novas todos os dias e partilhá-las com quem se ama.
Depois de ganhas as batalhas de outras exigências indevidamente classificadas de “fraturantes” - pois tratam-se tão-só de direitos humanos! - é altura de abrir a sociedade portuguesa a mais essa possibilidade de cada um dispor de si mesmo, até quanto à hora e dia da própria morte...

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