quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Falemos então em sondagens ou em algo com elas parecido!

Chego aqui ao computador e dou com a mensagem de um amigo a pedir-me, que lhe diga algo de animador, porque sente-se bastante desanimado com a evolução dos acontecimentos do dia.
Se a tracking poll da TVI mostrava a coligação da direita a distanciar-se do PS na liderança, eu continuo a comparar as salas cheias de António Costa um pouco por todo o lado (hoje em Águeda e Vila do Conde) com as que passos e portas vão tendo dificuldade em encher apesar de todos os truques conhecidos para o efeito.
Mas, mesmo que as previsões em causa tivessem algum paralelo com a verdadeira sondagem do dia 4 (coisa em que não acredito!), elas não deixariam de corresponder a um dos piores resultados obtidos pela direita em Democracia. Recordemos o ocorrido com a soma do PPD e do CDS nos últimos dezasseis anos, em comparação com o PS: quer em 1999, quando Guterres ficou a um deputado da maioria absoluta, quer em 2005 quando Sócrates a garantiu, a soma dos dois partidos de direita (40,6 e 37,8% respetivamente), ficou acima da média das sondagens agora apresentadas nesta altura (37,3%).
Será pois razão para ficar assustado? Na realidade a direita está a pelo menos 11,5% de distância das percentagens com que conseguiu formar governo, seja em 2002, seja em 2011.
Mas, como aqui tenho referido amiúde, a credibilidade das sondagens tem andado bastante complicada nos últimos meses pelo que se viu na Grã-Bretanha ou na Grécia.
Em ambos os casos elas serviram de ferramenta de uma estratégia conduzida por habilidosos marketeiros para que levassem aos resultados pretendidos: mediante a criação de um clima de medo quanto ao que ocorreria se a esquerda ganhasse, eles conseguiram ser bem sucedidos com David Cameron, que alcançou a maioria absoluta com pouco mais de 1/3 dos votos, e falharam rotundamente com o Syriza.
Em Portugal o objetivo tem sido óbvio: convencer os eleitores indecisos entre a direita e o PS em como valerá a pena apostar na primeira por estar tudo ainda em aberto. Mesmo que a realidade do dia-a-dia o desminta.
Pode ser estratégia que lhes sairá pela culatra, porque facilitará o voto útil no PS e lhe permitirá voltar a superar a linha dos 40%, que tornará incontornável a cavaco a obrigação de convidar António Costa a formar governo. E mesmo que o PS não consiga chegar aos 44,1% de Guterres em 1999 ou aos 45% de Sócrates em 2005, já temos experiência suficiente para saber Costa capaz de transformar episódicas maiorias relativas em maiorias absolutas.
Confiemos, pois, na sageza dos portugueses para darem à direita a derrota mais humilhante da sua história em democracia.

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