terça-feira, 21 de julho de 2015

A mudança a que resistem os antigos donos do aparelho

Pela última vez até ás eleições volto ao tema da polémica sobre as listas de deputados do PS, a pretexto da reação de Daniel Oliveira sobre a putativa candidatura presidencial de Maria de Belém tendo em conta a promiscuidade de interesses, que demonstrou ao ser, simultaneamente deputada, membro da Comissão Parlamentar de Saúde e consultora do Grupo Espírito Santos para esse mesmo setor.
Mesmo querendo relativizar ao tratar-se de um texto assinado por um dos principais líderes do Livre, o artigo do «Expresso Diário» faz todo o sentido quando conjetura o que seria um debate entre Maria de Belém e rui rio, que sempre se tem batido publicamente contra esse tipo de duvidosos comprometimentos. Num frente-a-frente o que pensariam os eleitores, quando o antigo autarca do Porto denunciasse essas afinidades polémicas da opositora com o grupo económico mais impopular do país?
Foi necessário chegar às vésperas de duas eleições fundamentais para que o pior do segurismo voltasse à superfície. Porque não querendo sequer saber da qualidade duvidosa da maioria dos candidatos, que propõe, julga-os imprescindíveis como se trouxessem qualquer valor acrescentado à influência eleitoral do Partido. Em quase todos os casos que sustenta, eles comportam pelo contrário sério prejuízo à estratégia de se alcançar a maioria absoluta.
Que qualidades são vislumbráveis na referida consultora do Grupo Espírito Santo? Que fez ela de útil para o partido ou, sobretudo, para os cidadãos?
E João Proença, esse símbolo do que de pior tem tido o sindicalismo em Portugal, e cuja ausência das listas de deputados parece ser motivo de indignação para essa fação minoritária do partido?
E Miguel Laranjeira, António Galamba ou António Braga? Que pensamento brilhante foi qualquer deles capaz de formular para se poderem equiparar em competências, e até mesmo em sagacidade, com candidatos altamente qualificados como os que António Costa conseguiu atrair para virem a integrar o grupo parlamentar socialista?
É altura de por fim à lógica aparelhista, que se denunciou tão esdrúxula em Coimbra. A lista sugerida por essa Federação é um escândalo, que ajuda a explicar a razão porque um dos seus proponentes esteja a contas com a Justiça por indesculpável vigarice e tenha protagonizado a escandalosa expulsão da militante Cristina Martins.
A ousadia que o «Público» reconheceu na listagem dos deputados, que irão ser eleitos pelo Partido Socialista, faz crer na possibilidade de uma verdadeira renovação no sentido transversal a todas as suas estruturas. Porque, ou essa revolução se torna bem sucedida, fazendo do PS o partido-charneira que comande os destinos do país nos próximos anos, ou imita o crepúsculo aparentemente irreversível de um conjunto de partidos irmãos a nível europeu, que não souberam reequacionar as suas estratégias de acordo com as circunstâncias subsequentes à queda do muro de Berlim. Nesse sentido o Pasok grego mais não é do que o exemplo mais paradigmático do que é um partido socialista caído na abulia por causa da mesma lógica caciquista de Venizelos.
O futuro próximo não se coaduna com a mediocridade de quantos foram derrotados em setembro do ano transato. Por muito que lhes custe o seu tempo já passou... 

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