sábado, 23 de maio de 2015

Indicadores, desigualdades e sabotagens

1. Não falta quem tente assobiar para o lado enquanto vão surgindo os números comprovativos do fracasso das políticas da coligação de direita durante estes quatro anos, mas eles continuam a aparecer e a merecerem que, ruidosamente, os realcemos: no primeiro trimestre de 2015 a dívida pública cresceu para 130,3% do PIB, desmentindo as fábulas sobre «cofres cheios» ou «recuperação financeira». 226,3 mil milhões de euros é quanto Portugal apresenta agora nesse inquietante - mas também comprometedor para passos & Cª - indicador.
Vale sempre a pena recordar que quando o Governo de Sócrates saiu de cena, a dívida pública ascendia a 94% do PIB.
Mas, para que não nos limitemos aos números debitados internamente pelo INE, também se justifica a análise aos do relatório da OCDE, que demonstra ser Portugal o sétimo pais mais desigual de quantos integram a organização. Se em 2009 o rendimento dos 10% da população com mais recursos era 9,4 vezes superior ao dos 10% da população mais desfavorecida, em 2013 esse indicador já subira para os 11,1.
Além de mais pobre, passos & Cª tornaram o país bastante mais injusto na distribuição dos rendimentos.
2. Na mesma semana em que carlos alexandre prolongou por mais três meses a detenção de José Sócrates prosseguiram as ações destinadas a procurar provas contra os gestores do BES. Continuando a mostrar-se odiosa a discrepância de critérios. No caso do ex-primeiro-ministro prendeu-se para investigar, enquanto para a alta finança se procede exatamente ao contrário.
E o que está errado não é que ricardo salgado ainda continue em casa e não atrás de grades! O que está errado é que, se para ele se respeita a condição de presumivelmente inocente, maiores razões haveria para assim considerar igualmente José Sócrates, nunca se tendo justificado o circo mediático que quiseram criar em seu torno.
3. Escandalosa é a intenção de passos coelho em renovar o mandato de carlos costa por mais cinco anos.
Não se duvida da intenção deste (des)governo em sabotar preventivamente, e o mais possível, a futura ação da equipa de António Costa. E o atual governador do Banco de Portugal já demonstrou plenamente a sua «competência» e «imparcialidade» para cumprir tal função.
No seu currículo conta-se a conivência com tudo quanto os gestores do BES ou do Banif fizeram até levarem os respetivos bancos à bancarrota ou à sua beira. Ou como enganou deliberadamente as centenas de pequenos investidores a quem sinalizou a segurança da aposta nos títulos emitidos para o aumento de capital do BES fazendo-os, em muitos casos, perder as poupanças de toda uma vida de trabalho. Ou, indo mais atrás, como fez parte da conspiração mais do que óbvia, que fez derrubar o governo de José Sócrates para promover os que queriam ir além da troika.
Com carlos costa no Banco de Portugal ainda mais difícil se tornará o esforço do próximo governo para infletir eficientemente todos os danos causados pela direita desde que, em 2011, chumbou o PEC IV.

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