sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A mistificação em torno da indústria do xisto

Há dias a  história contada nos jornais era mais ou menos assim: a produção de petróleo  norte-americana em terrenos  xistosos crescera tanto, que o preço do brent tenderia a manter-se nos 40 a 45 dólares para desgraça de angolanos, brasileiros, venezuelanos ou russos, que se veriam assim a contas com crises  políticas imprevisíveis.
Afinal, numa entrevista dada ao «Expresso Diário» um tal Tom Whipple, que representa a Associação para o Estudo do Pico do petróleo e  do gás, veio confirmar que tal tese não passa de uma mera falácia sem substância:  “A meu ver, a indústria de xisto dos EUA está em sérios apuros. Os produtores estavam todos a perder dinheiro mesmo com o barril a 100 dólares, exceto as empresas muito grandes, como a Exxon, que estavam a obter muito dinheiro noutras áreas e podiam arcar com os prejuízos.
Muito do aumento da produção deveu-se a Wall Street, que estava a financiar a perfuração com títulos verdadeiramente lixo financeiro (junk bonds).
Os bancos estavam a pedir emprestado dinheiro quase de borla à Reserva Federal em Washington e, depois, emprestavam a taxas elevadas aos perfuradores de petróleo, que se mantinham pedindo mais e mais na esperança de que os preços do petróleo continuariam suficientemente altos e pelo tempo suficiente para pagar esses empréstimos. Ora isso não está a acontecer. “
Afinal quem andou a tecer loas contra os países emergentes, parece ter tomado por realidades aquilo que andou a desejar em inconfessáveis sonhos...

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