terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Os ventos favoráveis que passos coelho apenas pressentirá!

Andamos tão ansiosos pela vitória de António Costa nas próximas legislativas, que podemos distrair-nos de algumas variáveis passíveis de a dificultarem.
Há quem valorize excessivamente a prisão política a que José Sócrates foi submetido, mas essa arma de arremesso da direita está condenada mediante a comprovação do intuito político de quem a ordenou e a inexistência de provas para sustentar tal infâmia. Mas mais significativas podem ser outras razões: no seu comentários na SIC Miguel Sousa Tavares alertou para o atual preço do petróleo e para a entrada de avultados fundos comunitários acrescentando Sérgio Figueiredo no «Diário de Notícias» a persistência dos juros baixos para a compra de dívida soberana.
Em tempos que já lá vão foi uma conjunção de fatores semelhantes a explicar o «segredo» do sucesso eleitoral de cavaco silva nos anos oitenta. Por isso mesmo podemos questionarmo-nos: será essa conjuntura particularmente favorável potenciadora de uma recuperação eleitoral da direita, suficiente nem que seja para impedir a maioria absoluta de António Costa?
Embora deva ser encarada com muita atenção esta convergência de ventos favoráveis para a economia portuguesa não nos deve, porém, intimidar. É que cavaco teve a esperteza saloia de ver o PS de Mário Soares causticado pelas medidas de austeridade a que a crise do início dos anos 80 impusera e decidira «fazer a revisão ao carro» até à Figueira da Foz para, com o seu típico sentido oportunista, cavalgar na prometida abertura dos fundos comunitários. Ele surgia imaculado e a significar um efeito de novidade por que ansiavam os portugueses então causticados nas suas carteiras.
Não é essa a vantagem de que agora usufrui passos coelho: em nove meses serão poucos os que se deixarão iludir por uma súbita viragem no seu discurso. Quem o viu chegar com alguma bonomia teve tempo mais do que de sobra para lhe conhecer a verdadeira face. A sua capacidade para mentir ainda está tão incrustada na memória coletiva depois das promessas traídas de 2011, que  qualquer reciclagem que delas faça só poderá suscitar a mofa! 

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