terça-feira, 2 de setembro de 2014

O reconhecimento de quem tem História!

Adivinhávamos que Almeida Santos, Jorge Sampaio, Manuel Alegre e Vera Jardim estariam ao lado de António Costa na atual disputa pela liderança do Partido Socialista, mas a formalização desse apoio constituiu mais um dia negro para as hostes seguristas. Porque, depois de terem andado três anos a ignorarem o património histórico do Partido Socialista, dando por isso mesmo oportunidades soberanas à Direita para as confrontar com as suas contradições, essas hostes abanaram agora com a merecida resposta  de quantos fundaram e construíram o Partido durante quase quarenta anos e não o suportam ver posto em perigo por quem não os soube respeitar.
Hoje não são só os mais conhecidos de entre esses históricos, que estão com António Costa. Nas secções locais é fácil encontrar outros que, anónimos para a generalidade dos portugueses, ficaram conhecidos nas suas aldeias, concelhos e distritos por terem entrado no Partido desde há trinta ou quarenta anos, a ele deram muito do seu esforço sem esperarem nada em troca, e agora o veem tomado de assalto por quem nele veio procurar servir-se e não servir.
É por isso que o aval dos militantes mais antigos constitui poderoso estimulante para uma campanha, que sempre se orgulhou de todo o passado do Partido e, ao contrário dos adversários, não se empenhou em dissociar-se indignamente do balanço muito positivo dos seis anos de governação de José Sócrates.
Se os resultados nas autárquicas foram dececionantes e os das europeias ainda mais ilustrativos da incompetência de Seguro e dos seus apoiantes, é porque deixaram muitos portugueses cair no logro de que deveria esquecer-se tudo quanto Sócrates implementara. Deve-se-lhes a ideia ainda infelizmente muito disseminada em como a origem da crise explicava-se com as políticas internas, em vez das internacionalmente decorrentes do colapso da Lehman Brothers. Nunca se confrontaram os professores com o quanto perderam em acreditar em Mário Nogueira e em Nuno Crato e por isso votaram em massa contra o Partido Socialista tornando-se depois as maiores vítimas da sua iludida opção eleitoral. Nunca se explorou devidamente o forte argumento em como se terá devido aos governos de Sócrates a aposta em energias renováveis, que têm reduzido substancialmente o recurso a importações de hidrocarbonetos ou aumentado significativamente a sua exportação, quando já refinados, graças ao projeto visionário da nova central de Sines.
Nestes três anos assistimos a uma forma de oposição, que nos preocupava e até envergonhava, porque nunca tinha a coerência de um projeto sério de alternativa credível. Se um dia Seguro exigia a queda do governo, no seguinte já perguntava qual era a pressa. Se numa altura regozijava-se com as palavras do governador do Banco de Portugal, logo a seguir via o BES desmerecer da sua confiança e cair estrondosamente. Sem esquecer a benesse dada ao governo e ao patronato com a redução do IRC, que nem se traduziu em crescimento da economia nem em criação de novos postos de trabalho.
Deverá um líder ser tão incompetente? Poderá alguém com as características de Seguro vir a merecer a confiança dos eleitores portugueses, por muito que estejam mais que fartos de passos coelho e de paulo portas?
É por serem sábios nos seus conhecimentos e experiências, que Almeida Santos, Jorge Sampaio, Manuel Alegre e Vera Jardim quiseram expressar de forma tão clara a sua posição. E com ela ter-se-ão associado aos milhares de militantes e simpatizantes envolvidos na campanha «Mobilizar Portugal», que se batem pela alternativa de que o país tanto precisa… Um esforço que honra a tal História só por eles efetivamente venerada.


Sem comentários:

Enviar um comentário