domingo, 28 de setembro de 2014

Disparates ... e objetivos bem mais intencionais!

1. Há uns anos atrás o agora autarca de Loures, Bernardino Soares tinha-nos dado uma verdadeira pérola opinativa na forma de um elogio enfático à qualidade da democracia na Coreia do Norte.
Perante o ridículo a que então se expôs um dos seus principais dirigentes, julgaríamos que o Partido Comunista mostraria maiores cuidados em emitir opiniões controversas, completamente absurdas face ao que é o senso comum. Mas enganámo-nos: eis que Miguel Tiago, um dos seus mais conhecidos deputados, veio agora afiançar que o aquecimento global é uma falácia da «pseudociência» e que o Protocolo de Quioto mais não é do que uma maquinação capitalista.
Podemos, afinal, estar mais descansados: o disparate continua à solta pelo grupo parlamentar do PCP!

2. Disparate pegado também é, segundo Jean Quatremer do «Libération» o que os países ocidentais, e sobretudo os EUA, têm feito nas suas intervenções sucessivas no Médio Oriente e no Norte de África.
Se pensarmos no que resultou das sucessivas intervenções no Afeganistão, no Iraque, na Síria ou na Líbia - novas organizações terroristas e sociedades mergulhadas no caos - só podemos concluir que para grandes males, piores remédios…
O que dá para temer quanto à presente estratégia para combater o Estado Islâmico. É que sem o concurso da proscrita Rússia - uma das principais interessadas em combater esse tipo de ameaça, o Ocidente fica circunscrito à sua reiterada insuficiência estratégica...

3. Não tanto disparate, mas algo bem pior por constituir o verdadeiro objetivo de quem está a tratar de o garantir, é tudo quanto se passa em torno da TAP: no estranho fluxo de avarias e de problemas laborais, na manifestação de diversos interessados em comprá-la e no projeto para serem os contribuintes a pagarem os custos da errada aposta na Manutenção no Brasil, prepara-se uma apressada privatização, que prejudicará seriamente os interesses nacionais.

Miguel Sousa Tavares tem razão quando, a tal propósito, escreve no «Expresso»: “os portugueses sabem bem como acabaram todas e cada uma das privatizações que nos venderam como um benefício para os consumidores - da produção à distribuição de eletricidade, passando pelo telefone fixo, pelo gás, pelos combustíveis e, em breve pelos correios, as privatizações significaram sempre duas coisas garantidas: pior serviço prestado e preços mais altos. Com a TAP sucederá exatamente o mesmo, sem tirar nem pôr.”

4. Os mais recentes capítulos da história da Tecnoforma leva Fernando Madrinha a comentar no «Expresso»: “soubemos que um deputado não declarou, quando eleito, que exerceria as suas funções em regime de exclusividade, mas, findo o mandato, invocou esse regime para aceder ao subsídio de reintegração”.
Até pode acontecer que toda esta embrulhada entre em banho maria por obra e graça da conivência das instituições e dos jornais e televisões com um governo, que leve até ao fim do mandato a concretização do plano de privatizações ainda remanescentes. Mas fica definitivamente comprometida a imagem de passos coelho enquanto político mais imaculado não há.
Como lídimo representante de uma cultura de enriquecimento ilícito desenvolvida sobretudo nos governos de cavaco silva à pala dos fundos europeus, passos coelho não se distingue doravante dos dias loureiros, que tiveram proveito e nunca foram judicialmente investigados a fundo pelos negócios em que se envolveram e com os quais enriqueceram...


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