terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ainda hão-de afiançar que carlos costa era um fanático socratista!

Por princípio recuso-me a ouvir as preleções de marques mendes aos sábados na SIC. Tudo naquela grotesca figura me desagrada, desde o carácter de «bufaria» característico de muitas das suas intervenções até àquele ar pedante de quem as profere com a jactância de saber o que os outros desconhecem e por isso se julga fazer interessante à conta desse papel de altifalante de interesses omissos.
Não posso, pois, garantir que seja verdade o que acabo de ler no facebook, mas também não é nada que me surpreenda: na expectativa de se irem sabendo cada vez mais pormenores do questionável comportamento do governador do Banco de Portugal, o «comentador» já vai lembrando que carlos costa terá sido nomeado por José Sócrates.
Há já umas semanas, que estava à espera que isso viesse a suceder: a falta de escrúpulos da direita assume tal dimensão, que as viragens de 180º nas suas opiniões nunca surpreendem, confiada que ela anda na memória curta dos portugueses.
Lembremos apenas que a nomeação de carlos costa foi uma iniciativa de Teixeira dos Santos e explicava-se pela saída de Vítor Constâncio para o BCE e as pressões de cavaco silva e de manuela ferreira leite para que o governador não fosse alguém da área do governo. Estava-se em maio de 2010 e o caso BPN estava a arder em fogo vivo, pelo que era perfeitamente natural que José Sócrates procurasse reduzir as pressões a que se via sujeito, quer de Belém, quer da Assembleia da República onde o PS era minoritário face à espúria coligação entre a direita, o PCP e o Bloco.
Não admira que a designação de carlos costa tenha merecido elogios quer de Belém, quer da então líder da oposição. Mas recordemos, igualmente, o seu papel na estratégia anunciada por cavaco silva no discurso da tomada de posse para o seu segundo mandato em Belém e que colocava de imediato a cabeça do primeiro-ministro a prémio. Que se concertaria entre ele e os banqueiros a imposição a Sócrates do pedido de intervenção da troika é algo que fica para a História recente da política portuguesa...


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