quarta-feira, 23 de julho de 2014

A comparação entre as obras feitas e aquelas que nunca se começaram

A entrevista dada por António Costa ao «Público» do passado domingo contém várias passagens, que merecem um sublinhado por contribuírem, sem margens para dúvidas, o distinguir do ainda secretário-geral. E, numa altura, em que muitos andam apostados em fazer crer que o Partido Socialista será exatamente a mesma coisa com Seguro ou com Costa, é importante rastrear todas as razões, que permitem separar o trigo do joio.
A questão do passado é uma das mais importantes. Sobretudo quando se equaciona um tipo de discurso populista, que tem sido uma das doenças infantis no discurso de António José Seguro. Na conversa com São José Almeida e com Nuno Sá Lourenço, António Costa diz: posso oferecer o meu passado como garantia. Quando eu era ministro da Justiça, lembrar-se-á, houve uma moda de criminalização da delinquência juvenil e de pôr todas as crianças criminosas na cadeia e quem resistiu a essa ofensiva populista e defendeu um modelo de prevenção e de intervenção sobre a delinquência juvenil, que deu, aliás, frutos, fui eu.
Quando era muito fácil fazer as campanhas populistas quanto à imigração, houve muito pouca gente a levantar a voz. Eu era ministro da Administração Interna quando tivemos a mais moderna lei da nacionalidade e a mais moderna lei de entrada e saída de imigrantes. Não preciso de prometer no futuro.”
Mas essa comparação entre passados é decisiva, quando se olha para toda a obra executada pela gestão de António Costa à frente da Câmara de Lisboa nos últimos anos e devidamente valorizada pelos eleitores com a maioria absoluta nas mais recentes eleições autárquicas. Apesar da oposição, quando não mesmo da sabotagem, empreendida pelo PCP através dos sindicatos representativos dos trabalhadores do saneamento - e que, em alturas estratégicas, querem dar da capital uma imagem negativa com lixo acumulado em contentores - ele e a sua equipa têm transformado Lisboa e imprimido uma marca de competência e de capacidade de concretização de projetos, que abre justificadas expectativas para o que será capaz de empreender, quando se tornar primeiro-ministro.
Quanto a António José Seguro não há memória de alguma vez na sua carreira ter gerido o mais pequeno projeto público. Bitaites ouviram-se muitos, ora de viva voz, ora em surdina, quando se tratava de minimizar os sucessos da governação de José Sócrates. Mas algo que nos faça olhar para concluir «aquilo resultou da cabeça e da capacidade concretizadora de António José Seguro» venha o primeiro dar um exemplo que nos convença da incorreção da nossa certeza.
Mas se a incapacidade de  levar projetos concretos por diante é uma clara barreira de demarcação entre as duas candidaturas, não menos importante é quem demonstra maiores qualidades de liderança. Na mesma entrevista António Costa diz que um dos requisitos de liderança é o incutir energia, força inspiradora e de mobilização de quem nos dirige. É uma opção política de fundo hoje repor a política no comando dos destinos do país."
Nestes três anos já se comprovaram os dotes de liderança de António José Seguro: perante um governo, que pôs quase todo o país revoltado contra as suas políticas, foi incapaz de fazer convergir para o Partido Socialista esse descontentamento e  orientá-lo para um projeto credível e mobilizador.
Por isso mesmo, exceto para os indefetíveis, que ainda acreditam na possibilidade do sapo da história se transformar num príncipe, ele é objeto de muitos comentários de escárnio e maldizer na praça pública. Porque, seja a tocar ferrinhos, seja a enfiar barretes, a sua imagem está irreversivelmente contaminada com um lado grotesco, que impede qualquer empatia. E ele parece não querer saber do mal que anda a fazer ao Partido e aos portugueses…
Já sobre António Costa essa capacidade de mobilização dos lisboetas para a mudança da sua cidade fala superlativamente por si!


Sem comentários:

Enviar um comentário