domingo, 15 de junho de 2014

Camboja: uma nação traumatizada

Quando pensamos em Camboja é inevitável associarmos o país à terrível tragédia causada pelos khmers vermelhos, que pretenderam criar um tipo de comunismo radical, caracterizado por um ódio mortal aos intelectuais e à incipiente classe média urbana.
Um estudo recente revela que cerca de 1/3 dos cambojanos padecem de uma forma de stress pós-traumático apesar de já terem passado quarenta anos desde a queda do regime liderado por Pol Pot.
Mas a verdade é que a reconstrução psicológica das vítimas nunca foi levada a sério em função da “reconciliação nacional” e do desenvolvimento económico.
Hoje começam a surgir algumas iniciativas locais e internacionais para mitigar as sequelas do traumatismo sofrido pela população.
No hospital de Phnom Penh o serviço psiquiátrico atende cerca de quatrocentas pessoas por dia. Uma Organização Não Governamental dedicada aos traumas relacionados com cenários de guerra organiza sessões de terapia de grupo. No seu consultório um psiquiatra experimenta uma interligação entre os princípios da psicanálise e o budismo.
A reconstrução psicológica do país é uma tarefa incomensurável e tanto mais crucial quanto se sabe que esses traumas são transmitidos de geração em geração e traduzem-se em violência doméstica, incluindo sobre as crianças: pode-se considerar que o impacto psicológico do regime de Pol Pot incide ainda de forma muito gravosa sobre o mal estar da sociedade cambojana dos nossos dias.


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