quinta-feira, 24 de abril de 2014

POLÍTICA: Para onde vamos depois do Carmo?

Até pode acontecer como em setembro de 2012, quando nos descobrimos os bastantes para preencher as avenidas da cidade e gritar a indignação por políticas, que nos ofendiam, e depois nada de novo sucedeu. Até pode acontecer que retomemos a prostração com que caminhámos pelas avenidas em março do ano passado, abatidos por todas as piores expectativas se estarem a cumprir e não se vislumbrar forma de lhes dar a volta.
Mas também pode confirmar-se aquilo que possa ter levado cavaco silva a infletir o seu discurso como se visse motivos de reparo a quem tem apoiado sem qualquer escrúpulo relativamente ao seu compromisso constitucional com o contrário do que tem visado com a sua assinatura.
Sim: até pode acontecer algo de novo com todos os rios a desaguarem no Carmo, quer na noite de hoje, quer horas depois, quando aí nos juntarmos aos militares de abril, ao primeiro presidente civil da fase democrática da nossa História e ao poeta, que melhor expressou em palavras o nosso desejo de mudança.
Seremos gotas, muitas gotas, a fazer a diferença e a demonstrar ultrapassada a expressão macambúzia das pretéritas manifestações. Por muito que passos coelho se sinta confortado com os mimos dos mercados e vá dando umas ferroadelas no parceiro de coligação, pode estar à beira de conhecer uma surpresa de dimensão inaudita. Porque já não sobra mais espaço para a tristeza de ver os filhos a emigrar ou para a ofensa de vermos pedintes mirrados a pedirem-nos, no mínimo, um sorriso se não lhes pudermos dar uma moeda com que calem a fome.
Somos tantos a confessar-nos fartos de tudo quanto nos têm imposto nestes três anos, que não falta vontade para repetir a investida aos palácios de inverno, que acoitam os atuais opressores. E se de facto a tal nos aventurarmos, quem ainda será capaz de levantar um dedo para defender um poder, que não imagina quão podre está?
Hoje e amanhã é dia de irmos desaguar ao Carmo. E dali seguir para onde?


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