terça-feira, 1 de abril de 2014

ARTE: Ai Weiwei, uma exposição com muitas evidências

Ele protesta. Apreendem-lhe os trabalhos, prendem-no. E, tão só devolvido à liberdade, volta a protestar. Hoje, o artista Ai Weiwei continua a ter os seus passos continuamente vigiados pelo governo chinês. Dezenas de câmaras de vigilância rodeiam-lhe o domicílio em Pequim, os telefonemas são sujeitos a escutas, bem como as conversas por ele tidas no seu atelier.
Só pela Internet é que ele se mantém em contacto com o mundo exterior e pode preparar a grande exposição, quase a inaugurar na Alemanha, e que constitui um enorme desafio logístico. Porque, apesar da censura e da intimidação das autoridades chinesas, Ai Weiwei escolheu o Martin-Gropius-Bau em Berlim para apresentar a sua mais importante exposição de sempre a partir do dia 2 de abril.
Espalhadas por 18 salas, numa área de 3 000 metros quadrados, as obras e as instalações escolhidas pelo artista nunca tinham sido mostradas na Alemanha. Uma das suas instalações mais impressionantes é a da ocupação de um vasto espaço com milhares de bancos, que depois de usados durante décadas estavam em vias de ser atirados para o lixo, e que ele congrega de forma a parecendo todos iguais a uma certa distância, acabam por se revelar diferentes uns dos outros se vistos de mais perto. Uma bela metáfora sobre o que é a China de hoje...
«Evidences», ou «Provas» não é um título escolhido ao acaso, porque costumam ser as que possuem valor aos olhos da justiça. Estamos, pois, perante uma mensagem política de denúncia do regime chinês e suas dissimulações, do sistema educativo e das suas violações aos direitos humanos.


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