quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

POLÍTICA: O Injusto Esquecimento de um Homem Bom

Até posso estar a ser injusto, mas nos balanços do ano vistos e escutados um pouco por todo o lado, não dei com nenhuma referência a um dos nomes fundamentais da cultura portuguesa dos últimos sessenta anos e desaparecido em agosto: Urbano Tavares Rodrigues.
A única evocação foi a de Mário Zambujal na entrevista a Nuno Artur Silva no «Nas Nuvens» do Canal Q e que voltou a confirmar a opinião de todos quantos conheceram o autor de «Bastardos ao Sol»: era um homem generoso, capaz de uma inesgotável simpatia, mesmo para quem pensava da forma exatamente oposta à sua.
Teme-se o pior: que a exemplo de um Ferreira de Castro, de um Manuel da Fonseca, de um Fernando Namora, de um José Gomes Ferreira, de um Augusto Abelaira e de muitos outros grandes escritores do século XX, Urbano também seja condenado a um injusto olvido. E, no entanto, quão vantajosa seria a leitura da ficção ou da poesia por eles legadas. Porque continuam a dar resposta a muitas das questões identitárias, que levam os portugueses a viverem esta crise e a tardarem em despertar para formas mais veementes de indignação. Porque, para todos eles, a escrita não era apenas estética nem estilo: existia um propósito utilitário, que explica de alguma forma, porque as autoridades da (in)Cultura fazem todos os possíveis para os votar ao maior dos ostracismos: o do silêncio. Não vá acontecer aquilo que o poeta Aleixo previa: lendo-os, os seus leitores poderiam começar a querer um mundo novo a sério!
Daí a importância de recordar sempre Urbano e todos os grandes escritores, que nos querem fazer esquecer!



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