terça-feira, 26 de novembro de 2013

POLÍTICA: afinal de quem vem a violência?

Bertolt Brecht tem um conhecido poema onde diz que do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.
Vem isto muito a propósito da campanha lançada pela direita a respeito dos discursos de Mário Soares e de Helena Roseta na sessão da Aula Magna ou das declarações de Vasco Lourenço na mesma noite.
Para paulo portas e alguns comentadores da direita as palavras em causa sugeriam um óbvio apelo à violência, digno de ser sancionado. Esquecendo-se do essencial: Violência a sério tem sido empreendida por este governo que, a mando da troika ou de motu próprio, tem prejudicado irreversivelmente a vida de muitos milhares de portugueses que foram forçados a emigrar, a mudarem para pior a qualidade de vida que tinham acreditado merecerem ou, em muitos casos, a optarem pelo suicídio.
De quantos homicídios serão responsáveis passos coelho e os seus cúmplices? Quanto sofrimento, traduzível em depressões ou outros sintomas patológicos, provocaram? Quantas crianças se deitaram esta noite sem nada no estômago para desespero dos respetivos pais?
Com tudo isso ainda têm o desplante de virem acusar os outros de incitamento à violência?
Eles deviam ter bem presente uma das leis de Newton (a terceira), que se aprende logo no início do estudo da Física: A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.
Do que estão à espera? Que empreendam tal violência e tenham como reação a abulia de quem a sofre? Que os portugueses continuem agarrados ao futebol, a Fátima e à Casa dos Segredos?
Mário Soares tinha bem presente o poema de Brecht ou a Lei de Newton, quando lançou o seu alerta. E até deveria receber o agradecimento reconhecido da direita, porque lá diz o provérbio: quem te avisa, teu amigo é!


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