sábado, 30 de novembro de 2013

POLÍTICA: ainda os swaps de marilú!

A mais recente passagem de marilú albuquerque pela comissão parlamentar destinada a inquirir os contratos swaps continuam a confirmar a dificuldade de fazer coincidir as palavras da ministra com conteúdos credíveis. A mentira continua a ser uma evidência, que a referida titular assume sem qualquer escrúpulo.
Não esqueçamos que ela afiançara que a negociação do Estado com os bancos envolvidos em tais contratos não tinham implicado custos para os contribuintes. Mas quem ficou a perder com os produtos anteriormente na posse do IGCP, que estavam a render mais valias e foram entregues aos bancos em causa como compensações no âmbito dessa rendição da equipa das Finanças?
Quem terá de compensar o rombo que, por essa via, esse mesmo Estado passou a ter no capítulo das suas receitas orçamentadas?
Mas na sessão de anteontem marilú teve de reconhecer como mentirosa - embora não o tenha admitido como tal! - a afirmação em como conseguira uma poupança de 500 milhões de euros com essa renegociação. Agora veio confessar que esse valor só fora de 78 milhões!
Que habilidades mais deverá a ministra demonstrar para ser afastada destas funções para as quais representou desde o princípio um tremendo erro de casting!


POLÍTICA: mais um passo na "reforma" do Estado

Assim se vai fazendo a reforma do Estado: no último dia do ano a Loja do Cidadão dos Restauradores irá encerrar, sem que abra nenhuma outra capaz de servir de alternativa às cinco mil pessoas, que diariamente a utilizavam.
Tendo em conta que o espaço das Laranjeiras já está bastante congestionado, o (des)governo dá razão a quem diz que as pessoas qualquer dia não têm serviços aos quais recorrer.
Em mais um lapidar exemplo, passos & Cª continuam a destruir tudo quanto o Governo de José Sócrates criara em benefício dos cidadãos e da simplificação dos processos burocráticos na relação daqueles com o Estado.
A política de “terra queimada”, que vai sendo seguida pela direita obrigará a anos de reconstrução até se voltarem aos índices de qualidade e de eficácia da administração pública, que estes últimos dois anos e meio têm posto infelizmente em causa…


POLÍTICA: Homem pequeno...

As recentes eleições autárquicas saldaram-se por muitas derrotas da direita em muitos municípios mas as exceções à regra também se verificaram e uma das mais lamentáveis ocorreu na Guarda, onde álvaro amaro conseguiu prevalecer como o primeiro político de direita a ali conseguir a eleição.
Ainda não tinha passado um mês sobre a sua tomada de posse e já tivemos um sinal eloquente da sua visão para a gestão da autarquia: ao demitir Américo Rodrigues do Teatro Municipal da cidade - cargo que ele exercia desde a sua fundação e com particular dinamismo - o novo presidente da câmara reitera o que é fácil generalizar como comportamento típico dos políticos da direita - a eliminação de tudo quanto cheire a cultura.
Pequeno de estatura, o político em causa foi lesto a demonstrar que bailarino não será propriamente uma das suas competências… e os munícipes que o elegeram, que aguentem agora as consequências da sua insensata escolha!


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

POLÍTICA: a luta de classes respigada no facebook

As privatizações dos Estaleiros de Viana e dos CTT já não são apenas decisões políticas polémicas, mesmo que legitimadas por razões ideológicas. Apesar de afiançar a superioridade da gestão privada sobre a gestão pública - uma das falácias mais absurdas, mas mais espalhadas por quem ganha com a mentira! - o (des)governo de passos coelho já não se livra da suspeita de existirem razões para poder vir a ser acusado de crime contra o interesse nacional.
Os CTT dão lucros bastantes para que essas mais valias possam reverter para a minimização dos encargos dos contribuintes com o imprescindível Estado Social. Agora, passos & Cª querem transferir esses lucros para os bolsos de interesses privados, que pagarão a pataco uma empresa condenada a prestar pior serviço à população para maximizar os dividendos dos seus futuros acionistas. Muito em breve iremos ver alguns dos membros da «nomenklatura» laranja e do CDS a recolherem para si mesmos os primeiros lucros pessoais do esbulho sem escrúpulos dos interesses coletivos.
No caso dos Estaleiros de Viana do Castelo basta fazer as contas que Tomaz Vasques nos propõe na sua folha do facebook: este governo vai pagar 30 milhões de euros de indemnizações para despedir os mais de 600 trabalhadores do Estaleiros de Viana do Castelo, de modo a privatizá-los por uma renda de 415 mil euros por ano. Com a capitalização de juros, nem com as rendas dos próximos 10 anos o Estado recebe o que paga agora.
Se isto não é crime económico, não sei o que será!!!
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A historiadora Raquel Varela fez-nos reparar na incorreção de uma notícia do «Público» de hoje, que atribuía ao frio dos próximos dias a forte probabilidade de um aumento de problemas de saúde na população, nomeadamente no respeitante a mortes por pneumonia.

E conta-nos como, há já alguns meses, questionara uma médica se tais mortes se deveriam efetivamente à falta de medicamentos:  Ela, para minha surpresa, respondeu-me que sim mas que, para além disso, se deviam provavelmente à fome - os portugueses, mesmo que obesos, têm falta de nutrientes dados pelos legumes, fruta fresca, peixe e carne e isso tem, segundo ela, um efeito debilitador do sistema imunitário. Portanto a «ajuda» do FMI é indispensável para uma parte dos portugueses morrerem de fome e de ausência de aquecimento.
Infelizmente não é preciso ir ao pasquim matinal do grupo Covina para encontrar exemplos de um jornalismo duvidoso, que escamoteia as verdadeiras razões dos factos por si abordados. De facto, nos próximos dias, quando ouvirmos notícias sobre as mortes provocadas pelo frio, bem podemos repetir a consagrada fórmula: «It’s the economy, stupid!».
Pelo menos a economia tal qual é implementada por esta direita que nos (des)governa.
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Em viagem pelo antigo bloco soviético, Sérgio Sousa Pinto explica as razões do previsível fiasco dos manifestantes que, em Kiev, reivindicam a aproximação da Ucrânia à Uniao Europeia e que, em Bruxelas, já é dada como certa! Para o deputado socialista a culpa do inevitável alinhamento do regime liderado por Viktor Yanukovytch  com a Rússia de Putin só pode ser atribuída à miopia da estratégia europeia de angela merkel: Embrulhada na crise do Euro, a esfolar o sul "resgatado" em obediência ao diktat dos credores, sem uma comissão independente e relevante para afirmar o interesse comum, e rendida à liderança do mercantilismo alemão, a Europa, prestes a perder o Reino Unido, disfarça mal a sua decrepitude. Bem podem acusar a Rússia de forçar a mão aos vizinhos. A Rússia oferece energia, um mercado enorme e menos competitivo, com taxas de crescimento superiores às europeias. E oferece outra certeza: vai continuar. O mesmo não se poderá dizer hoje, com a mesma segurança, da Europa unida.
Por tudo quanto está a acontecer , quer interna, quer externamente, faz todo o sentido subscrever o que Alexandre Rosa escreveu: Alguma coisa tem que acontecer. O que está em causa é mesmo acabar com um sistema que é o responsável pela crise que hoje vivemos. Isto não se resolve com contabilistas e com quem se recusa a olhar para a floresta insistindo em pensar que o problema esta numa árvore doente.


LITERATURA: Stephen King lançou a sequela de «Shining»

Stephen King já foi lido por 350 milhões de leitores em todo o mundo e em quarenta anos de atividade literária. Agora ele acaba de publicar o seu 56º livro, «Dr. Sleep», que é a sequela de um dos seus romances mais conhecidos; «Shining».
Tratando-se de um autor, que aborda as forças obscuras presentes dentro de nós, mas também onde podemos resgatar forças insuspeitáveis, King é bastante mais do que um mero escritor de género. Pelos seus livros passam sobretudo as pessoas mais comuns, aquelas para quem os dias têm tudo para serem banais, mas que se irão revelar muito dissociados dessa “normalidade”.
Nascido em 1947, quase não conheceu o pai, sendo exclusivamente educado pela mãe, que andava sempre a mudar de um lado para o outro. Nos seus livros será inevitável encontrar muitos personagens, que fazem de “pais de substituição”.
Na infância devora todos os livros, que lhe passam ao alcance dos olhos, fossem eles ou não de banda desenhada.
Aos seis anos escreveu a sua primeira história e recebeu 25 cêntimos de prémio das mãos da mãe como reconhecimento pelo seu talento precoce.
Tem 13 anos, quando publica a primeira história num fanzine de terror.
Em 1973 era um jovem professor recém casado, que vivia numa caravana, quando escreve «Carrie», cujas primeiras páginas não o convencem quanto ao seu valor e por isso decide deitá-lo para o lixo. É a mulher quem as recupera e o incita a prosseguir para aquele que se tornará o seu primeiro romance publicado em livro. No entretanto, trabalha numa lavandaria industrial sem conseguir superar o tipo de vida de qualquer pobre norte-americano: sem telefone, um carro decrépito, dinheiro em falta para os bens mais essenciais. Por isso as suas primeiras histórias, publicadas em revistas pouco prestigiadas, tinham assumido uma mera função alimentar: complementavam o orçamento para que pudesse pagar a renda ou os medicamentos para os filhos.
Depois de «Carrie», publica «Salem» e «Shining», que o projetam como um autor de best sellers e lhe dão a oportunidade de se dedicar exclusivamente à escrita. A partir daí passou a publicar pelo menos um livro por ano, alguns dos quais sob um pseudónimo: Richard Bachman.
Em 1989 passou por uma provação inesperada e quase fatal: atropelado por um camião, fica seriamente traumatizado não só fisicamente, mas também psicologicamente. Muitos críticos consideram que os seus romances posteriores a esse acontecimento são bem melhores do que os que o haviam antecedido.
Hoje, apesar de algumas escapadelas à Florida, ele continua a viver no Maine, onde situa a grande maioria das suas histórias. O prazer pela escrita perdurou até hoje: segundo conta limita-se a sentar-se diariamente ao computador entre as 7 e meia da manhã e o meio-dia e a verter as histórias, que vai imaginando, ficando com o resto do dia para fazer outras coisas interessantes.
Segundo as suas próprias palavras a grande literatura é baseada em personagens incomuns colocados em situações banais, enquanto faz precisamente o contrário: gente normal confrontada com acontecimentos extraordinários! E que por isso ficam sujeitas a um grande stress…
Em «Doctor Sleep» vamos reencontrar Danny Torrence que conhecêramos como o miúdo com quem nos identificáramos em «Shining», quando, num hotel assombrado em pleno inverno, fora ameaçado pelo próprio pai. Ao contrário do que acontecera com quase todos os personagens, que criara, Danny era um personagem cuja história não se concluíra, quando o romance terminara. E que lhe surgira muitas vezes no pensamento sob a forma de uma pergunta: o que lhe terá acontecido depois? Teria evoluído de uma forma problemática pelos traumas por que passara?
Agora, e depois de uma vida de vagabundagem,  Danny já entrou nos quarentas e instala-se numa pequena cidade da Nova Inglaterra, onde encontra emprego como auxiliar num hospício.  Decide ajudar os internados a morrer, para o que conta com a ajuda de uma discípula de 13 anos, Abra, que possui dons de vidência.
Se em «Shining», Danny fora o discípulo, agora faz o papel de Mestre. E vê a sua história pessoal definitivamente resolvida...


POLÍTICA: E se o PS falasse e agisse mais de acordo com o seu programa?

Eu pecador me confesso: nas eleições de 2011 para secretário-geral do Partido Socialista o meu voto foi para Francisco Assis, esperançado em que ele correspondesse à continuidade da visão de José Sócrates para o país, que pretendemos construir: a aposta na qualificação dos portugueses, com grande incidência na Educação e na Investigação Científica, e nas energias renováveis capazes de potenciarem uma indústria vocacionada para a exportação.
Passados dois anos tenho de reconhecer o meu equívoco: em sucessivas intervenções, quer escritas, quer verbais, Assis tem-me recordado quase sempre aquela célebre cena de um filme de Nanni Moretti em que este insiste com Massimo d’Alema (então a liderar a oposição a Berlusconi) para que dissesse algo de … esquerda!
No seu texto inserido ontem no «Público» assume um distanciamento crítico em relação à sessão da Aula Magna, que o coloca na trincheira oposta dos que pretendem alterar o presente estado de coisas com determinação: O que se passou na Aula Magna suscita respeito, mas desperta escassa esperança. Pode funcionar como alerta, mas não deve ser percebido como solução. O caminho da esquerda tem de ser outro, não tendo necessariamente que contradizer tudo aquilo que naquele local se sentiu. É óbvio que compete ao Partido Socialista a assumpção de um papel determinante na construção da alternativa de que o país carece. Não confundamos, contudo, esta incumbência que exige tempo, método, trabalho, disciplina, com orações retóricas momentâneas por muito apelativas que estas possam parecer. É por isso mesmo que o maior partido da oposição não pode ter a pretensão de concorrer com assembleias de subsistência momentânea e projeção limitada ainda que incisiva.
Tempo? Método? Trabalho? Disciplina?
Será que não estamos numa situação de emergência em que há que enterrar os mortos e socorrer os feridos depois do terramoto, que a direita está a provocar na vida dos portugueses?
O que Assis propõe é a atitude pífia, que tem levado milhares de portugueses a questionarem-se por anda o Partido Socialista, quando os ataques do (des)governo de direita à democracia e à exequibilidade de uma independência económica do país nos anos mais próximos assumem tão grande dimensão.
Assis continua a verberar ataques privilegiados contra o PCP e o BE por causa do PEC IV, quando é evidente que o tempo não volta para trás e de nada serve continuar a chorar sobre leite derramado.
Aqueles que se identificam com o discurso de Mário Soares na Aula Magna teriam gostado de ver algum dirigente socialista a estar presente junto com Arménio Carlos, com Pedro Nuno Soares e com Bruno Dias  no piquete de greve dos CTT, porquanto a luta por manter essa empresa no domínio das empresas públicas não deverá ser apenas confiado aos bloquistas ou aos comunistas. Tanto mais que Miguel Macedo e o seu novo chefe das polícias aproveitaram o ensejo para demonstrar uma ação musculada contra quem  manifesta a sua indignação pela deriva autoritária e austeritária da coligação no poder.
Assis, e já agora a direção nacional do PS, deveria questionar-se se não é com a abstenção em dar o corpo ao manifesto nas lutas empreendidas diariamente por quem sofre as consequências desta política, que se consolida a ideia de faltar uma alternativa credível a este estado de coisas.
Como socialista espero que o meu Partido comece a agir mais de acordo com os ideais de esquerda em que assentam o seu programa político.


FILME: «Women Are Heroes» de JR

Em todas as latitudes abundam as mães coragem capazes de enfrentarem os piores desafios para imporem a dignidade do seu papel de mulheres apostadas em se fazerem respeitar e em garantir um futuro melhor para os seus filhos.
O fotógrafo JR, que já ganhara prestígio como um dos principais criadores da street art, com os seus retratos gigantescos, decidiu homenagear a heroicidade das mulheres, através de alguns casos concretos encontrados nos bairros da lata do Brasil, do Camboja, da Índia ou do Quénia. Para tal envolveu-se com as comunidades aí residentes para o ajudarem a afixar esses retratos em paredes e muros decrépitos, nos tetos de zinco das barracas ou nas carruagens dos comboios e entrevistou dezenas de mulheres, que  dão conta das suas provações, mas também da forma como a elas corresponderam com a sua determinação e esperança num futuro melhor.
O filme passou despercebido nos ecrãs nacionais, até por contar com críticas desfavoráveis  de alguns críticos, que preferiram contestar uma estética conotada com os filmes publicitários em vez de a encararem como eficazmente funcional para transmitirem a mensagem fundamental: o merecido tributo às mulheres de todas as latitudes, que são uma força tenaz para conseguir a transformação do mundo no sentido de uma maior justiça social…
Se nos livrarmos desse preconceito típico dos que veem o cinema apenas pelo lado da forma, que não pelo conteúdo, conseguimos olhar para «Women are Heroes» como um dos melhores documentários dos anos mais recentes...


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

CINEMA: e se a Justiça fosse possível de vez em quando...


Será dos filmes mais interessantes a ver obrigatoriamente de entre os que se estreiam nesta quinta-feira: um homem confessa o seu percurso de vida como militar do exército português em África e, depois, como mercenário a soldo do Estado espanhol para matar ativistas da ETA e da extrema-esquerda.
Pode um filme ter como protagonista o exato oposto do tipo de pessoa com quem poderíamos simpatizar? Teremos estômago para ouvir um discurso abjeto, que contradiz todas as nossas convicções sobre democracia, sobre política?
Salomé Lamas terá vencido esse desafio. O artigo encomiástico publicado nesta quarta-feira pela historiadora Irene Pimentel no «Público» convenceu-me a acorrer este fim-de-semana a ver «Terra de Ninguém» numa das poucas sessões disponibilizadas pelos quatro cinemas de Lisboa onde passa. Até porque encerra um certo sentido moral: o homem que, sem escrúpulos, matara pretos ou esquerdistas, acaba por se tornar num sem-abrigo contando como companheiros de aflições ... dois africanos.
Caso para considerar que, mesmo não existindo justiça divina, algo de vez em quando acaba por a imitar.
Numa altura em que o ódio á cultura por parte do governo redundou numa paralisia quase total do cinema feito em Portugal, assistir a este filme acaba por representar um comportamento militante.