domingo, 6 de outubro de 2013

POLÍTICA: a necessidade de defender a Constituição!

De entre as questões abordadas por José Sócrates na sua intervenção dominical na RTP1 avulta a defesa da nossa Lei Fundamental, estranhando o silêncio de quem contraiu responsabilidades incontornáveis para o fazer: cavaco silva.
Não é difícil adivinhar o ataque insidioso a que a Constituição se sujeitará nos próximos meses, sobretudo se os juízes do Palácio Ratton continuarem a mostrar-se avessos às pressões e interpretarem, à luz do que ela pressupõe, a defesa de um conjunto de direitos e garantias reconhecidos a todos os cidadãos portugueses sem exceção.
No Algarve, em pleno Forum Empresarial, aonde se ouviu a ignóbil pressão de durão barroso sobre o Tribunal Constitucional, também se ouviu nogueira leite, um dos principais representantes da torpe elite que tem usufruído das benesses obscenas desta governação apostada em enriquecer os mais abonados e depauperar os bolsos de todos os demais, considerar imprescindível mudar a Constituição a bel prazer dos seus cúmplices.
José Sócrates adiantou uma possibilidade muito oportuna: por este andar teremos rui machete ou qualquer outro membro da equipa de passos coelho a pedir perdão aos credores ou aos seus representantes troikeiros por Portugal ter uma legislação soberana.
O que não seria de espantar: é quem avança com afirmações bombásticas quanto a estarmos a viver em regime de protetorado quem mais interiorizou essa aparência e se curva indignamente perante os seus interlocutores, que só representam o FMI, o BCE ou a Comissão Europeia, sem quererem ver aquilo a que até um insuspeito comentador como Fernando Madrinha enuncia no «Expresso» desta semana: Ao “resgatar” Portugal a troika resgatou também os investidores estrangeiros, que assim puderam libertar-se de perdas em caso de bancarrota. Talvez fosse essa a sua missão principal.
Deveras? Até alguns setores da direita já o reconhecem, mas os que se acolitam em torno de passos coelho - com os banqueiros do costume e os trânsfugas fiscais na primeira linha! - pressentem o fim do esplendor do seu sonho de terem conseguido derrubar o governo socialista e conjugarem um presidente, um governo e uma assembleia apostados na defesa dos seus interesses. No futuro imediato serão eles a esganiçarem as vozes até ao máximo da sua amplitude para defenderem o fim da Constituição de 1975, como se ela não tivesse sido várias vezes revista (nalguns aspetos até exageradamente!) desde então.
Fez bem José Sócrates em lançar um apelo à defesa do nosso Texto Fundamental, porque, depois de sermos espoliados de tantos símbolos importantes da nossa soberania através das privatizações, ele é o que nos resta para pôr cobro a esse vale tudo com que a direita tem pretendido impor um regime só formalmente democrático, mas de verdadeira ditadura de uma minoria privilegiada contra a maioria dos seus concidadãos.
 


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