sexta-feira, 4 de outubro de 2013

POLÍTICA: façamos coincidir o riso inteligente com a nossa justa indignação!

Foi Albert Memmi quem disse que, quando o desesperado não tem outra solução, ri. Daí que ele tenha contado esse ambiente de galhofa existente em certos momentos dos que sofriam o cerco nazi ao gueto de Varsóvia, cientes de estarem confrontados com um destino incontornável.
Aqui, em certas alturas, também rimos desbragadamente com a forma como alguns dos nossos melhores humoristas vão cuidando de espelhar a realidade. Nesse sentido a visão quotidiana do «Inferno» no Canal Q ou a leitura do seu associado «Inimigo Público» tem propiciado material de uma enorme riqueza para testemunhar os dias que correm pelo lado da mais fina ironia.
Há dias, precisamente nesse programa do canal das Produções Fictícias, o Doutor Pina constatava que, respondendo ao Primeiro-Ministro, o Tribunal Constitucional demonstrava o quanto a nossa Lei Fundamental muito faz pelos desempregados, já que acabara de ilegalizar os despedimentos concretizados à conta de uma lei, que os facilitava.
Por seu lado, no «Negócios», João Quadros recomendava outra atitude para com a troika constatando: “na minha modesta opinião, nós já não estamos em condição de pedir. Ou exigimos, ou não vale a pena. Eles estão cá há dois anos, já não fazemos cerimónia. Seja como for, para quê pedir para flexibilizar o défice (de 4%) se nós não o vamos conseguir atingir? A flexibilização vai acontecer de forma natural.”
E, noutro exemplo, delicioso, Ricardo Araújo Pereira, treslia a realidade de forma mordaz na «Visão»: “o BPN não é o pior banco português. É o melhor. Em toda a história da banca portuguesa, foi a única instituição a merecer a confiança de todos - mesmo todos - os portugueses.
Não há nenhum português que não tenha dinheiro depositado no BPN. Sem grandes campanhas publicitárias nem ofertas mirabolantes, conseguiram que todos os portugueses pusessem lá dinheiro.
Em vez de condená-los, vamos aprender com eles!”
Perante estes exemplos façamos votos para que o riso inteligente continue a fazer parte da nossa justa indignação!


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