terça-feira, 23 de julho de 2013

LIVRO: «Cadáver no Dique» de Jan Willem van de Wetering

Na entediante Holanda são raros os crimes. Daí que, quando surge um homicídio no Long Burgerdijk de Amesterdão os polícias Grijpstra e De Gier se dediquem a ele com o entusiasmo de quem se ocupa com algo de incomum.
A vítima, Tom Wemekink, recebera uma herança avultada e fora viver para uma das casas dessa zona pobre da cidade, passando os dias em frente à televisão e nada interessado em corresponder ao interesse de uma vizinha vistosa. Na realidade estamos perante um misantropo, que reduziu a zero a comunicação com a maioria  dos demais habitantes do dique, à exceção de um empreendedor, o Gato, cuja ocupação é a comprar mercadorias em segunda mão e revendê-las.
A pontaria do tiro entre os olhos da vítima põem em xeque a dona da casa adjacente, conhecida praticante de tal prática enquanto desporto, mas falta-lhe motivo para justificar a culpabilidade.
Os polícias orientam-se, então, para os negócios clandestinos do bairro, nomeadamente para o roubo de mercadorias e à sua recetação por um mafioso de origem árabe, Sharif.
Grijpstra, De Gier e o respetivo Comissário depressa concluem pela autoria do crime por parte de um assassino a soldo de Sharif, que terá feito de Tom a sua vítima para intimidar o pouco colaborante Gato, doravante convidado a uma mudança de atitude.
Este romance é o terceiro da série, que tem Grijpstra e de Gier como protagonistas. Publicado em 1976, dá dos dois polícias uma caracterização interessante, já que eles vão entrevistando sucessivamente os suspeitos à luz do que é o seu entendimento da natureza humana até chegarem a uma conclusão definitiva sobre a responsabilidade dos crimes.
O autor, Janwillem van de Wetering nasceu em Roterdão em 1931 e morreu no Maine (EUA) em 2005. Embora a série de romances policiais com estes personagens sejam profundamente holandeses, ele viveu grande parte da vida noutros países. Assim, aos 19 anos é enviado para a Cidade do Cabo para aí liderar os negócios comerciais do pai, que já possuía empresas na Holanda. Desavindo com o progenitor, passa a andar com as próprias pernas, regressando à Europa para estudar filosofia em Londres a partir de 1958.
Data de então o interesse pela filosofia oriental o que o insta a passar uma temporada prolongada num mosteiro japonês.
Esgotado o dinheiro é obrigado a regressar às atividades comerciais nas ilhas holandesas das Caraíbas e, depois, na Austrália.
Em 1965 regressa à Holanda, mas é confrontado com a sua condição de relapso ao serviço militar. Como forma de evitar a prisão, deixa-se alistar na Polícia de Amesterdão aonde chega a sargento e a inspetor. Ganha assim os conhecimentos, que utilizará nos seus romances policiais. Que escreve, quando já fixara residência nos EUA a partir de 1975.


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