domingo, 2 de junho de 2013

POLÍTICA: Um fim de ciclo iminente

Um dos jornais cujo painel de comentadores se revela mais interessante é o «Diário Económico». Oriundos de uma diversidade de posições bastante representativa da opinião da generalidade dos cidadãos (ainda que, hélas!, com um peso excessivo à direita), permite uma interpretação fundamentada dos dias que se vão vivendo em Portugal.
Podemos, por exemplo, assinalar o desagrado de uma certa direita - mais consistente nos seus valores e ideário! - com esta outra direita oportunista e rançosa (como lhe chamou uma deputada no Parlamento), que se vai eternizando no poder para desespero da grande maioria de portugueses afetados pelas suas malfeitorias. Senão vejamos como o advogado Francisco Proença de Carvalho considera fundamental perspetivar não só o que será o pós-troika (se é que ela sairá verdadeiramente!), mas sobretudo o que será o pós-Portas, já que não se adivinha grande futuro político ao ainda presidente do CDS depois deste ciclo político: Há, assim, uma larga comunidade de cidadãos que a coligação governamental deixou politicamente órfãos, sem possibilidade de qualquer tipo de identificação partidária. Infelizmente, tudo indica que o que sobrará do centro-direita em Portugal serão cacos, sem qualquer coerência ideológica e abafados na opinião pública por um suposto pensamento moderno esquerdizante que convenceu os Portugueses de que vivemos sob a alçada de um política neoliberal de direita, quando isto nada tem de liberal ou de direita. Digamos que nada tem de nada.
Assim, no pós-troika não será fácil fazer crer aos portugueses que direita e pensamento liberal é muito mais do que o tom de voz do Dr. Gaspar a fazer previsões que não se concretizam.
Nos comentários políticos à esquerda sublinhamos o artigo de Pedro Silva Pereira, que invoca a necessidade de apoiar os testemunhos de Lobo Xavier e de Pacheco Pereira no programa «Quadratura do Círculo» depois de Vítor Gaspar os ter pretendido desmentir na tese em como o chumbo do PEC IV se devera apenas à pressa da direita chegar ao «pote», mesmo sabendo os custos que ele implicaria para o país: as declarações de Passos Coelho, feitas um mês antes do "chumbo" do PEC IV, mostram que o líder do PSD provocou uma crise política com plena consciência das graves consequências para o País de um pedido de ajuda externa naquelas circunstâncias. Como ele próprio disse, com um tipo de ajuda como o concedido à Irlanda ou à Grécia, "dentro de dois ou três anos não estaríamos em condições de cumprir". Mas isso era no tempo em que Vítor Gaspar não era ministro das Finanças e Passos Coelho ainda acertava nas previsões.
Hoje a realidade torna-se muito mais tenebrosa do que o então candidato a primeiro-ministro poderia prever, já que a dívida pública supera bastante a barreira dos 120%. Restando uma alternativa segundo Bruno Proença: Há vários Estados europeus que já passaram o limite dos 120% para a dívida pública. Uma solução comunitária protegeria Portugal da fúria dos credores e da vingança dos investidores. O Eurogrupo deve preparar a mutualização de parte da dívida pública dos Estados-membro de forma a resolver o problema de vez. Caso contrário, o céu vai mesmo cair em cima da nossa cabeça.
É claro que, por razões ideológicas, que têm a ver com o desejo de destruir o Estado Social antes de ser corrido do poder, passos coelho insiste em despedir milhares de funcionários públicos. Mas é Paula Elvas quem anota no seu texto: O Governo quer cortar na Administração Pública de forma cega, numa espécie de síndrome da toupeira. A OCDE ao estudar Portugal, verifica que o País se encontra abaixo da media Europeia quer ao nível do número de funcionários públicos quer ao nível do teto salarial.
A realidade dos números contraria os argumentos justificativos das medidas desmesuradas do Governo. Sofremos do síndrome da toupeira, cego que por apalpação vai destruindo todos os caboucos e alicerces conquistados. Em nome de quem? E porquê? Com que direito?


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