terça-feira, 22 de janeiro de 2013

POLÍTICA: Como eles se enganam a julgar que nos enganam!


Imagino que esta noite passos coelho, vítor gaspar e o inevitável moedas irão para casa convencidos de terem dado a volta ao perigo que se anunciava: a queda iminente do governo.
Afinal não anunciara António José Seguro um governo alternativo preparado para tomar posse tão só erradicado este para as profundezas do caixote do lixo? E não se multiplicavam comentários políticos denunciadores da profunda solidão do exausto corredor de fundo, que nem a meio da corrida conseguiria chegar? Para já não falar de nova manifestação gigantesca - como a do 15 de setembro - agora anunciada para o próximo 2 de março?
Os alarmes soaram a sério em São Bento e nalguns dos gabinetes europeus aonde o (des)governo conta com os seus principais aliados!
A experiência de conseguir que um país se aparte de todas as suas principais políticas de proteção aos mais desfavorecidos - seja nas leis laborais, seja nas áreas da saúde, da educação e da segurança social - para a estender a seguir a todos os demais países europeus, parecia estar em grande risco.
À vista da praia a nau comandada pelo grande capital financeiro através dos seus lugares-tenentes na troika, ameaçava naufragar sem concretizar os objetivos pretendidos.
Explica-se assim a grande mistificação, que se prepara com o aparente regresso aos mercados financeiros e a aceitação de um maior prazo para pagamento da dívida contraída no famigerado memorando. Só possível, porque os draghis (há mais tempo), a par dos junckers e dos schaeubles sentiram já não ser possível escamotear por mais tempo um segundo fracasso da sua tão almejada austeridade depois do abismo em que a Grécia se vê.
As súbitas facilidades reveladas pelos credores nesta fase são a prova gritante do iminente fiasco do credo fundamentalista na redentora austeridade. Porque, em poucos dias, todo o caminho parece facilitar-se no sentido do discurso de sucesso com que se pretende mascarar o saldo deste ano e meio de contínuas agressões aos direitos da grande maioria dos portugueses.
Significará isto que gaspar e os seus amigos têm razões para se sentirem realmente aliviados? Iludem-se que sim embora as próximas semanas os venham a desenganar.
Como dizia Henrique Monteiro na sua crónica de sábado do «Expresso», o autismo desta gente é de tal jaez, que não são capazes de ver a realidade. E esta é a de desempregados que continuarão a não encontrar solução para o seu desatino, de famílias condenadas a enfileirarem para enganarem a fome nas sopas dos pobres, que vão aliviando as consciências às jonets deste país, e a generalidade dos cidadãos a abandonarem a perplexidade de se sentirem defraudados em quaisquer expectativas de futuro e a indignarem-se com crescente veemência.
É por isso que as «boas» notícias de um dia não apagarão as crescentes faíscas, que eclodem de norte a sul no imenso território dos nossos desencantos. E, como diria o outro, chega-se a um ponto em que uma só faísca acaba por incendiar toda a pradaria…

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