domingo, 29 de julho de 2012


Foi um dos flops desta semana: esperava-se que se chegasse a um acordo sobre o comércio de armas convencionais na ONU. Mas os suspeitos do costume - Coreia do Norte, Irão, Síria, Estados Unidos, China, Rússia - além de outros não tão óbvios (Índia, Indonésia e Egito) fizeram-no fracassar.
A propósito desta lamentável derrota, diz o editorial do «Público»: o negócio de armas convencionais, as que alimentam as guerras mas também matam milhares em cidades ou subúrbios sem guerra alguma, continuará sem regras nem freios.
Internamente uma notícia não muito surpreendente foi a da liderança de Alexandre Soares dos Santos como o mais rico português. Pudera: quem esmifra fornecedores e produtores, explora sem pudor os seus empregados e vende ao mais elevado preço possível tudo quanto coloca nas prateleiras do «Pingo Doce» - sem, pelo meio, fabricar o que quer que seja, porque o único objetivo é potenciar o negócio de intermediário, pode assim mais do que sextuplicar a fortuna de 330 milhões de euros já declarada em 2004.
Outra história da semana finda, e abordada na edição de hoje do «Público», foi a da carta de Paulo Portas aos militantes em que volta, uma vez mais, a virar os trabalhadores do setor privado contra os funcionários públicos. Comenta o politólogo António Costa Pinto, que os principais partidos, quando chegam ao poder e sentem um resvalar do apoio social, usam esta técnica para tentar encontrar clusters de apoio às suas políticas. (…) Há uma cultura de guerra de invejas que costuma ser usada e que dá frutos.
A concluir retenhamos alguns aspetos mais interessantes da crónica de Frei Bento Domingues, ainda no mesmo jornal, e subordinada ao tema »Pão para todos». Não tem a truculência de D. Januário Torgal, mas assume-se como mais uma voz da Igreja Católica contra este estado das coisas: A gentinha que reina na política europeia, servida por troikas iluminadas, vai continuar a fingir que acredita nas receitas ideológicas de um capitalismo financeiro desenfreado, para o qual as pessoas são um aborrecimento. A pior das corrupções políticas é a difusão de um veneno como se fosse um remédio milagroso.
Mais adiante, o articulista apresenta alguns factos elucidativos quanto a uma distribuição cada vez mais desigual da riqueza produzida a nível mundial:
· nos paraísos fiscais, onde se aloja, 17 biliões de euros ou o equivalente ao PNB dos EUA e do Japão, não há crise.
· neste momento, 1,4 mil milhões vive atualmente com cerca de 1 euro por dia ou menos; 1,5 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso à eletricidade e 2,5 mil milhões não têm tratamento de esgotos. Quase mil milhões passam fome.
· as três pessoas mais ricas do mundo possuem ativos superiores a toda a riqueza dos 48 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas;
· 257 pessoas sozinhas acumulam mais riqueza do que 3 biliões de pessoas, o que equivale a 45% da humanidade.
· Resultado: 1,2 biliões de pessoas passam fome e outros tantos vivem na miséria.
A concluir: estamos a chegar ao fim da matriz energética baseada em produtos fósseis - petróleo, gás e carvão -,  o que obriga a procurar fontes alternativas e limpas e, mesmo assim, serão insuficientes para sustentar o nosso tipo de civilização.

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