sábado, 18 de junho de 2011

O PRINCÍPIO DE PETER LEVADO Á PRÁTICA

Olha-se para a composição do novo Governo e a sensação imediata é a ausência de pesos pesados. Como se Pedro Passos Coelho e Paulo Portas não queiram arriscar em quem, pela sua indiscutível competência, os faça sentir menorizados na sua autoridade . Ou, porventura, por não haver disponibilidade nesses potenciais governantes para se comprometerem com quem tem feito muito pouco na vida e agora é confrontado com um desafio muito acima das suas reais capacidades.
Será curioso verificar o que um Nuno Crato irá conseguir na educação já que professores e estudantes pouca sensibilidade mostrarão por quem possui uns conceitos teóricos agradáveis de ler em páginas de jornal mas nada de concludente soube apresentar como alternativa exequível para contrariar o belíssimo trabalho realizado em seis anos por Maria de Lurdes Rodrigues ou Isabel Alçada.
Como igualmente será de estar atento à actuação de Francisco José Viegas, reduzido a papel decorativo numa secretaria da Cultura aonde terá de responder ao mundo das artes e das letras quanto à redução dos já escassos recursos com que contava ultimamente Gabriela Canavilhas.
Ou como Paula Teixeira da Cruz lidará com juízes, advogados e demais intervenientes do mundo da Justiça, quando, a bem do pretendido pela troika, tiver de os confrontar com a redução dos interesses corporativos . Não bastará a sua verbosidade excessiva para calar o imenso clamor, que contra si crescerá tão só pretenda alterar, mesmo que minimamente, este estado das coisas.
E que dizer das pastas entregues ao CDS e que têm constituído o seu abono de família eleitoral - agricultores e reformados? Como irão explicar a frustração das expectativas de multiplicarem subsídios e pensões , quando não há dinheiro para mais do que os socialistas lhes conseguiram atribuir em seis anos?
A prova de fogo será dura para esta nova geração chegada ao poder, mas sem capacidade nem determinação para prosseguir o trabalho reformista demonstrado pelos primeiros anos de governo de José Sócrates. Depois travado quando as corporações se encarregaram de encomendar á imprensa os ininterruptos assassínios de carácter de que ele foi alvo anos a fio e quando a crise financeira e económica internacional obrigou a pôr na gaveta os projectos mais promissores.
Depois de culpar o Governo anterior pela situação, que obrigou a recorrer á ajuda internacional, o próximo Executivo irá ele próprio provar o veneno que andou meses a fio a subestimar. Doravante restar-lhe-ão duas desculpas para explicar a crescente contestação, que contra si se erguerá a partir do final do Verão: essa crise externa, que não constituía desculpa para Sócrates, mas enfatizada subitamente como entrave à sua governação e a tal pesada herança, que Pedro Passos Coelho promete não invocar, mas que outros não deixarão de por ele lembrar tão exaustivamente quanto puder perdurar nos seus desiludidos eleitores.
O principio de Peter aplicado à prática é o que melhor define a composição do novo Governo: depressa nele aferiremos o patamar de incompetência dos seus titulares!
E a equívoca confiança a ele atribuída pelos eleitores n as recentes legislativas não tardará a ser desfeita. Com as perdas e danos, que se adivinham...

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