sexta-feira, 10 de junho de 2011

JÁ LÁ VEM OUTRO CARREIRO

Ultrapassado definitivamente o ciclo Sócrates no Partido Socialista, justifica-se uma atenção participativa no debate que se segue, no qual se definirá quem será o novo secretário-geral: Francisco Assis ou António José Seguro.
No final de Julho já se saberá qual deles assumirá essa liderança, para a qual o país está particularmente vigilante já que são múltiplos os sinais de desconfiança quanto às reais capacidades da direita para levar a bom porto a condução do seu rumo.
Ontem isso foi tão evidente, que a iminente disputa no Partido Socialista mereceu mais destaque mediático do que as reuniões preparatórias para a formação do novo Governo.
É como se o eleitorado tivesse passado um cheque provisório a Passos Coelho na expectativa de possibilitar ao Partido Socialista a criação de uma alternativa mais credível.
Convenhamos que Passos Coelho voltou ao seu «melhor» depois de se aguentar sem grandes danos durante a campanha eleitoral: pretendendo alimentar o espaço mediático com algo, que iluda o incómodo vazio a ele respeitante decidiu vir com a ideia de uma tal Alta Autoridade para aferir o comportamento financeiro do país.
Como se já não sobrassem entidades para essa tarefa! 
A esse respeito faz lembrar o comportamento daquele tipo de associações em que,  à falta de acções efectivas para a resolução dos problemas colocados aos seus sócios, cria comissões para os estudar. Julgando assim estar a fazer alguma coisa!
Ouvidos sobre tal Alta Autoridade até os mais indefectíveis apoiantes de Passos Coelho se engasgaram sem saberem o que deveriam dizer em sua defesa.
O impasse financeiro em que a crise internacional mergulhou o país obriga a escolher lideranças determinadas e e com capacidade para agir. É um dirigente desse tipo, que o Partido Socialista irá eleger.
Quanto à direita consolida-se a ideia de não resistir mais do que dois anos aos efeitos da conjuntura, da pressão da troika e da movimentação social, que abrasará as ruas das nossas cidades. E, sobretudo à diferença de caracteres e de objectivos a longo prazo dos seus dois líderes.
Em 2013 surgirão provavelmente novas eleições legislativas. E o Partido Socialista não deverá, então, colocar outra fasquia, que não seja a de chegar à maioria absoluta. Já que não seja crível que o PC ou o BE mudem até lá de postura quanto à participação governativa, nem que algum dos partidos da direita possam salvar-se da fogueira, que atearam e em que irão agora queimar-se em lume brando.
Os tempos vindouros adivinha-se difíceis mas, parafraseando um verso de Zeca Afonso, já lá vem outro carreiro. Que este agora ainda agora aberto dirige-se para nenhures...

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