sábado, 29 de maio de 2010

Uma questão de educação

Numa recente entrevista, o jornalista e escritor Pedro Rosa Mendes  afirmou que  o maior problema e a coisa mais insidiosa da ditadura salazarista não era a Pide, não foi o Tarrafal. Foi o facto de termos vivido tanto tempo debaixo de uma ditadura de ignorância que se perpetua.
Pelo resultado da sondagem hoje publicada nos jornais o problema subsiste, quase sem alteração, oitenta e dois anos depois de iniciada a rebelião militar, que instauraria a ditadura fascista. É que a crise financeira, e todas as ameaças de empobrecimento da maioria da população portuguesa, criam o caldo de cultura de onde volta a emergir o tenebroso ovo da serpente.
Qual mancha de óleo a manchar a limpidez de uma água cristalina, espalham-se atoardas a respeito do exagerado número de políticos ou dos seus superlativos ganhos. Como se a actividade política não devesse ser, em democracia, a mais ilustre das funções e, enquanto tal, a melhor remunerada para a ela atrair os melhores.
Ao desenvolver o discurso niilista anti-políticos, a direita mais retrógrada volta a recorrer aos ignorantes enquanto idiotas de serviço à sua totalitária intenção. E, uma vez mais, é à educação, ao debate, à militância combativa pelas ideias mais solidárias, que a esquerda deve recorrer como contrapeso.
Têm sido tantas as derrotas ao longo destas últimas décadas, que é altura de sustentar as nossas mais efémeras vitórias. Até porque as receitas liberalizantes deixaram de constituir resposta eficaz a esta crise actual.
É preciso apostar na criação de uma nova sociedade com ideias renovadas quanto ao seu modelo de organização.

Sem comentários:

Enviar um comentário