sábado, 20 de março de 2010

Oposição sem visão para o país

Faltam uns dias para o maior partido da oposição nomear o seu novo presidente, mas o que se ouve dos seus quatro candidatos não abre grandes expectativas quanto à sua capacidade de se constituírem em potenciais soluções para as necessidades de um país assumidamente em crise. Como dizia Ferreira Fernandes numa das suas crónicas no «Diário de Notícias», «o PSD ficou órfão de Sá Carneiro de forma abrupta e trágica. Daí os sociais-democratas andarem sempre à procura de mais do que um chefe».
É de um Sebastião o que o PSD anda sempre a procurar. Como se encontrado o homem, também assim vislumbrasse o caminho para um futuro por ora invisível na névoa em que se encontra mergulhado.
Ora, nem Passos Coelho, nem Rangel, nem Aguiar Branco, nem Castanheira têm uma ideia para o país. Os seus únicos argumentos serão os de pretenderem usufruir das prebendas do poder e oporem-se a um detestado Sócrates, que sobre eles tem uma notória vantagem: pelo menos sabe para onde quer conduzir o país, afastando-o do abismo tão próximo.
Mas a falta de ideias dos candidatos do PSD tem a ver com o impasse a que chegaram os defensores do neoliberalismo. Como lembra Mário Soares «foi o neoliberalismo como ideologia que originou a crise global do capitalismo financeiro-especulativo, dito de casino, com os "paraísos fiscais" e a economia virtual, que facilitou as grandes negociatas sem regras, para não dizer ilegais. Começando nos Estados Unidos, contaminou a União Europeia e, depois, o mundo.»
Agora que a festa acabou e o capitalismo está dividido entre quem defende a continuação do vale tudo e quem a ele pretende estabelecer regras reguladoras, o PSD é o exemplo de um partido de poder incapaz de se situar nesse debate.
Ora o futuro imediato passa por opções políticas, que antecipem as medidas fundamentais para evitar as tempestades inevitáveis se desse debate saírem vencedores os primeiros - os que querem voltar aos vícios mais recentes. Os que nos trouxeram até este actual desastre...

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